A experiência da pandemia causou impacto na vida e na saúde das pessoas com potencial efeitos futuros.
Com o desregramento cotidiano das vidas das pessoas em todos os setores, as consequências também foram agravadas.
Mas como isso impacta na vida de pacientes que sofrem de dor crônica?
Vamos falar sobre os impactos da pandemia nesses pacientes, sejam eles acometidos ou não pela doença.
Potencial aumento da dor crônica após a pandemia.
A pandemia se estendeu além de doenças físicas, impactando, principalmente, em acúmulo de estresse psicossocial com prolongados períodos de isolamento, medo de contaminação pelo vírus e incertezas financeiras futuras.
Adicionado a isso, também tivemos uma série de notícias desencontradas veiculadas pela mídia, as diferentes recomendações de procedimento pelas autoridades públicas de saúde e o completo desconhecimento sobre a doença.
Vamos falar, então, sobre as consequências da dor crônica causadas pela covid, em algumas situações que foram observadas:
- Desenvolvimento de dor crônica em pacientes que tiveram Covid-19;
- Pacientes com dor apresentaram exacerbação da dor já existente
- Desenvolvimento de dor crônica em pacientes que não foram contaminados.
A dor crônica deve ser considerada num contexto integrativo biopsicossocial, ou seja, os sintomas são resultado de uma complexa interação dinâmica entre o biológico, o psicológico e os fatores sociais, sem esquecer dos mecanismos de predisposição, como fatores genéticos, experiência de dores anteriores, eventos traumáticos físicos ou emocionais.
Infecções funcionam como gatilho para a dor crônica?
Sim, infecções agudas são capazes de desencadear a dor crônica.
Doenças virais agudas geralmente se apresentam com dor muscular e fadiga, além do sintoma orgânico especifico.
A maioria das pessoas infectadas pela COVID (acometidos ou não de dor crônica preexistente), apresentam nos 2 anos posteriores, a chamada “Síndrome pós SARS crônica”, que consiste em fadiga, dor muscular difusa, depressão e sono não restaurador.
A dor crônica como consequência da pandemia:
Desenvolvimento de dor crônica em pacientes que tiveram Covid-19.
Pacientes com COVID podem apresentar uma gama de sintomas, desde os assintomáticos aos que desenvolvem a forma grave da doença, aqueles com dificuldades respiratória.
Os sintomas não específicos que acometem os paciente de COVID incluem fadiga, dor muscular, calafrios e dores de cabeça, quadro conhecido para os que sofrem de dor crônica.
Estudos apontam que a resposta imunológica, observada em paciente acometido por dor crônica, é menor do que em pacientes não acometidos, em razão de fatores como depressão, sono insatisfatório e uso de opióides.
Muitos pacientes com COVID que precisam de cuidados mais sérios, como as internações em Unidades de Terapia Intensiva, correm um risco maior de limitações funcionais de longa duração, sofrimento psicológico e dor crônica.
Pacientes com dor crônica apresentaram exacerbação da dor já existente.
Os pacientes acometidos de dor crônica que foram infectados pela COVID, por certo sofrem uma exacerbação da dor já existente.
Como já vimos, a própria infecção viral já tem como consequência secundária sintomas já conhecidos dos pacientes de dor crônica, como a dor muscular, a fadiga, dores de cabeça e calafrios.
Aliado a isso, o isolamento social e as restrições causam dificuldade e manutenção do tratamento ordinário da dor.
O acesso às prescrições médicas e a reabilitação foram limitados na pandemia, causando exacerbação das dores.
Desenvolvimento de dor crônica em pacientes que não foram contaminados.
Os pacientes de dor crônica podem apresentar aumento de dor, em razão da pandemia, sem nunca terem sido infectados.
Pacientes que não foram infectados apresentam uma maior prevalência de distúrbios do sono, estresse, sofrimento emocional, interrupção das atividades físicas, redução da mobilidade e mudanças nas relações familiares, impostas pelo home office e educação escolar dentro de casa.
O estresse psicológico e emocional é um dos fatores de surgimento ou exacerbação de dor crônica em pacientes não infectados.
Além disso, outros fatores são determinantes para o desenvolvimento da dor:
• o comprometimento do atendimento médico regular,
• clinicas menos acessíveis ou fechadas,
• profissionais de saúde desviados para o combate a pandemia,
• tempos de espera prolongados para os pacientes de dor crônica, por ser considerado menos urgente,
• o medo de exposição à infecção,
• menor acesso a equipe de saúde interdisciplinar.
Esses problemas podem exacerbar a dor mesmo na ausência da doença viral.
Aborrecimentos diários e pessoais parecem propensos a causar sintomas de dor crônica.
Estratégias para atenuar os efeitos da dor crônica pós pandemia.
Embora as condições da dor crônica sejam consideradas por alguns estudiosos diretamente relacionadas ao estresse e a angústia, estudos mostram que os níveis de sofrimento psicológico são modestamente relacionados ao desenvolvimento da dor crônica.
O que se sabe é que os mais fortes fatores de desenvolvimento são a dor crônica específica, o acometimento da dor no sexo feminino, o baixo nível sócio econômico, bem como sono insatisfatório e redução da atividade física
Ainda não se sabe se a COVID causará aumento da dor crônica para a população em geral.
Os fatores de risco para o desenvolvimento estão sendo estudados em fibromialgia e outras disfunções.
Porém, por enquanto, podemos atenuar todos esses efeitos decorrentes da pandemia:
• serviços de reabilitação devem ser disponibilizados para atendimento hospitalar e ambulatorial;
• garantia de acesso a serviços psicológicos, fisioterapia e terapia ocupacional;
• cuidados médicos de rotina devem ser retomados;
• novos métodos de atendimento devem ser implementados, como a telemedicina, por exemplo.
Dessa forma podemos minimizar os impactos da pandemia na vida dos pacientes que sofrem de dor crônica e, assim, ter uma qualidade de vida muito melhor.